sexta-feira, 17 de julho de 2020

A Dança do Espaço Eiwaz - 2012

Em 2012, tive a percepção clara de que a minha forma de ensinar a dança tinha características diferenciadas em relação ao ensino de dança convencional. Desenvolvi um método a partir da junção de diferentes estilos de dança da minha formação pessoal, somado ao potencial criativo do improviso, e, à expressão cênica, tendo a relação com a dança quase como sagrada ou ritualística.
As aulas de dança no Espaço Eiwaz foram um "mix" entre as danças circulares (em formato de roda), dança do ventre, dança cigana e dança tribal, cujas coreografias iam sendo construídas em conjunto por todas as participantes, ou em improviso, de maneira amigável e divertida.

A atividade em círculo permite a criação de novos caminhos e novas orientações espaciais, já que saímos do formato retangular ou quadrado em frente ao espelho; compreendendo o centro da roda como sendo a pessoa ou o público para quem se faz a apresentação, interagindo com as colegas e distribuindo "empatia" e sincronicidade. Da mesma forma, a figura da professora adquire uma característica mais próxima, mais participativa e íntima, similar à de uma mãe ou irmã mais experiente que passa o conhecimento de algo, mas que também divide, acolhe, confraterniza e inova com os conhecimentos e impressões que chegam e vão sendo compartilhados.

Essencial para o processo de unificação/união do grupo de mulheres, a dança em círculo permite o conforto de estar dançando com e ao lado de alguém, bem como favorece ao aprendizado individual e comprometido no momento em que se perde a referência do espelho com a professora à frente para se "experienciar" o movimento em diferentes posições da roda.
Movimentos de dança de roda, do ventre, cigana e tribal vão sendo introduzidos nas aulas por meio de coreografias, à princípio construídas pela professora/orientadora e, mais tarde pelas participantes do grupo que se sentirem à vontade. Esse processo não é "automático", onde a mulher aprende um "passo-a-passo" coreográfico para depois apresentar-se; é algo que exige paciência e tempo para consigo mesma; principalmente se passou anos sem praticar atividades físicas e, assim, não será do dia para a noite que, de repente, começará a dançar. É claro que há pessoas que são verdadeiros "prodígios" e superam rapidamente seus mestres, mas, em geral, as pessoas necessitam de tempo diferenciado para aprender.
  
No Espaço Eiwaz, as coreografias seguiam após um aquecimento com danças circulares e/ou alguns exercícios direcionados aos movimentos a serem estudados. Depois da escolha do tipo de dança (cigana, tribal, ventre, com ou sem véu, burlesca, teatral, sensual, etc...), a coreografia era "montada" e passada, aos poucos, até ser totalmente "sentida" pelo grupo de mulheres, ainda que não se tenha perfeição nos movimentos específicos; nessa etapa o que importava era "sentir o todo". Somente após esse processo era que teríamos o "passo-a-passo" detalhado de cada movimento para ser estudado, compreendido, corrigido e treinado para deixar a composição coreográfica encantadoramente finalizada.

A leitura da música em relação às coreografias se dava (inicialmente) e preferencialmente sem a utilização de contagens de tempo, para que a melodia, a letra, os timbres, etc. fossem "sentidos" pela pessoa que dança e, que fosse permitido, assim, que a possibilidade de improviso não ficasse tão distante.

Esse processo de aprendizagem pode até causar estranheza e desconforto no início,mas, uma vez assimilado, capacita a pessoa a dançar livre e naturalmente sem a preocupação com movimentos complexos ou com contagens de tempo, percebendo a música, a energia e o ritmo fluindo juntamente com seus próprios movimentos corporais.
Nesse momento, (uma vez compreendido o processo de aprendizagem da "dança-eiwaz"), a mulher terá sentido inúmeras transformações internas e externas; verá que o tempo a mais dedicado a um ou outro movimento ou exercício lhe fez ver resultados no fazer e no "sentir"; perceberá mudanças na flexibilidade e na agilidade (inclusive mentais) e no desenho de sua silhueta (externa e "internamente"). A paciência, a tolerância que, muitas vezes, o aprendizado exige; a humildade e a solidariedade para com as demais; a auto-estima e a auto-confiança crescem junto com uma evolução de sentimentos que "resgatam o poder da feminilidade".

Enfim, uma adorável sensação de liberdade se seguirá tomando conta daquele "vazio" interno ou da antiga sensação de repressão. A mulher "ressurgirá" com todo o seu potencial criativo, de dentro para fora de si mesma!

Quanto tempo levará para se chegar a isso? O tempo que cada mulher levar para aprender a não se cobrar, não se julgar ou se culpar (dando-se o tempo que for preciso), sabendo que mais cedo do que se imagina, "acordará abrindo os olhos" para a mudança que já ocorreu. E saberá que importante mesmo é lembrar de que seu investimento em si mesma não deve ser negligenciado ou esquecido. Nunca desistindo, pois, importante acima de qualquer coisa é Ser Feliz!






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